2006/07/03

Vida em Comunidade II


Beber do conhecimento. Eis um grande desafio para nós. Para vencê-lo devemos percorrer um caminho com níveis diferentes, mas um lindo caminho: o do crescimento.
Crescimento de que se fala aqui, é desenvolver as potencialidades que giram em torno de quatro dimensões básicas: 1° Eu comigo mesmo (psicológica), 2° Eu com o outro (sociológica), 3° Eu com a natureza (cosmológica) e 4° Eu com o Absoluto (transcendência), estas que evoluem cada vez mais a criatura humana.
A Ontologia, ciência que estuda o a essência do ser, afirma que somos seres finitos e ansiamos pelo infinito. O ser humano está intimamente ligado ao transcendente, o Absoluto. Deus é o único que é infinito e imutável, portanto só Deus pode preencher a nossa ânsia de infinito. (cf. Santo Agostinho, De beata vita)
Quando não tomamos consciência desta dimensão e não a trabalhamos fugindo dela, entramos no que a Teologia chama de “idolatria”, ou seja, tudo aquilo que se coloca no lugar de Deus. Necessitamos libertar-nos da idolatria, tomando consciência de que só Deus, o Absoluto, pode completar-nos, trazendo por consequência a beatitude (felicidade). (cf. id ibid)
Mas só com o cultivo da fé, poderemos estar mais abertos a acolher a constante graça da presença de Deus, que está o tempo todo e é o primeiro interessado em entrar em nosso coração todo o tempo. Deus é uma realidade existencial para nós seres humanos. E Ele sempre se comunica conosco de maneira carinhosa e afável. Mas só o percebemos, conseguindo tomar consciência de sua presença, com a fé. Mas se a fé está atrofiada, caduca, raquítica, ignorante, intolerante... fica mais complicado. É de suma importância alimentar nossa fé. A razão é a ferramenta, em harmonia com as demais potencialidades humanas, que nos ajudam a crescer em “sabedoria, estatura e graça” (cf. Lc 2, 52). A razão não nega a fé, pelo contrário, busca esclarecimentos para ela. (cf. Papa João Paulo II, Encíclica Fides et Ratio)
Devemos crescer buscando a maturidade. Por isso, devemos beber do conhecimento, para caminhar ao conhecimento mais profundo e consciente de Deus, mergulhando na sua presença. Quando procuramos o crescimento com empenho, estamos de coração generoso, expressando para Deus nosso agradecimento filial por tão infinito amor.
O convite está feito. Vamos estudar, debater, questionar (sem o malefício da intolerância) e alcançarmos sempre uma síntese mais rica, para alimentar nossa busca do equilíbrio e da maturidade humana e religiosa.


Prof. Kauê de Souza Martins

Vida em Comunidade


Vamos refletir de tempos em tempos em uma série de artigos que se denominarão “Vida em comunidade”. Neste primeiro vamos partir do sacramento da iniciação cristã, o Batismo.
Precisamos entender a essência do sacramento, que é a dádiva da filiação divina e a vida nova em Cristo Jesus, como cristãos. Claro que há a questão da “mancha original”, que é muito importante, mas ela ainda não é a essência do sacramento. O principal no sa-cramento é a filiação divina a Deus em Cristo.
Pois bem, ao ser batizado me torno filho de Deus, mas sei que não sou o único, ou-tras pessoas também foram batizadas e ninguém é unicamente e exclusivamente portador desta dádiva. Há outros que, como eu, são filhos deste misericordioso Pai. Portanto, somos irmãos. Assim, fazemos parte de uma grande família, a Igreja (comunidade de fé), que se reúne e permanece unida, para chamar este Deus de Pai, agradecendo-lhe, sobretudo o amor que tem para conosco, seus filhos.
E quem não é batizado? E os de religião não cristã? São filhos de Deus? Claro, que sim. O melhor exemplo é o do pai que possui três filhos. O primeiro tem consciência que tem um pai (é o batizado), o segundo ainda não (é o não batizado), mas pode vir a ser ou está esperando o momento adequado e o terceiro o louva a sua maneira, dentro de sua cultura (religião não cristã). Mas todos, em sua “certidão de nascimento”, tem registrado a paternidade do Ser Absoluto (Deus), que nos pede para amar a todos, respeitando cada um em suas diferenças, particularidades e etc. Aos olhos deste Pai, ninguém é melhor do que ninguém. Só há a problemática dos filhos que são obedientes ao Amor (os que procuram pela santidade) e os que não são (os que optam pelo desamor = pecado), mas todos são preciosíssimos para Ele. Somos um pouco dos dois. O desafio é esforçar-se para manter os pés no caminho do Amor.
Continuaremos nos próximos artigos a refletir e cultivar nossa consciência filial, no papel, na postura e na missão que cada um tem na família, ou seja, na comunidade de fé (a Igreja) e no Mundo.
Até o próximo encontro.
Fraternalmente,

Prof. Kauê de Souza Martins