2006/09/11

Incoerências de Eleitor


Aristóteles já afirmava em sua obra Política, que “o homem é um animal político”. Em nossa essência somos políticos, ou seja, querendo ou não a política nos constitui.
Quero neste artigo iniciar uma reflexão sobre algumas incoerências do tão disputado eleitor em época de campanha política. Muitos cidadãos são avessos à política e se negam a participar do processo democrático que irá redefinir nossas vidas por um período de quatro anos. Só que, segundo o pensamento de Aristóteles supra, quando cruzo os braços estou sendo político, no meu trabalho estou sendo político, em casa com os entes sou político, na Igreja sou político, quando, por opção, vivo como um eremita ou vou para uma ilha deserta, estou sendo político (e ainda mais: toda sociedade vem comigo à ilha, não fisicamente, mas inevitavelmente nas representações e significações). Votar no candidato X, Y, em branco, nulo ou nem mesmo votar, sem dúvida nenhuma é um ato político de minha parte. Todos devemos estar conscientes dessa dimensão.
O interessante seria que aqueles que votam em branco, nulo ou muitas vezes por opção nem votam, não se iludam. Pois por maior que sejam as razões, que só a singularidade de cada um pode expressar, querendo ou não essa é a verdade: “Eu, eleitor Fulando de Tal, venho através deste voto em branco, nulo ou abstenção, autorizo qualquer um a dirigir os rumos de nossas vidas por quatro anos e abdico do direito de reclamar pelo mau andamento do que quer que seja, pois tenho a coragem de carregar o fardo das conseqüências por meu ato político nas eleições”. Pode parecer ridículo (e é), mas na realida-de é isso o que nos assola por todos períodos eleitorais e durante os anos de mandato.
Abstenção não é solução para nossos problemas, pois este ato político não tem favorecido a ninguém, pelo contrário, reforça e/ou evidencia uma tola e ignorante consciência de uma irreal atitude: “lavar as mãos”.
Outra incoerência interessante de reconhecer é a contraditória posição do eleitor que vota por exemplo, num executivo (Presidentes, Governadores e Prefeitos) de esquerda e vota em qualquer um para o Legislativo (Senadores, Deputados e Vereadores), sobretudo de direita. Como ficará o rumo das coisas com essa contradição? Vejam bem, o executivo não trabalha sem o apoio do legislativo. Com um executivo de esquerda o legislativo de direita fará tudo para que este governo de errado. Não interessa se esse governo tenha propostas para realizar “bênçãos” para o bem do povo, o legislativo não quer saber. Tem que sabotar tudo e não deixar que o executivo de esquerda funcione custe o que custar. Dane-se o povo!
Numa posição pessimista, é claro, os nossos políticos não (repito não) estão, depois de eleitos, lutando pelas reais necessidades do “povão”, pois devem cumprir com os acordos e compromissos com os reais patrocinadores e financiadores na época de campanha. Vejam bem, a educação no Brasil tem que ir mal, pois o legislativo eleito por nós, foi financiado por algum grande conglomerado de escolas privadas que desejam que a educação pública seja cada vez pior, pois assim não teria sentido para muita gente matricular e pagar absurdos preços de mensalidade, já que se paga impostos e com arrecadação desses possui uma oferta de educação pública até melhor do que a privada. Percebam estas sutilezas! Mais um exemplo para esclarecer nossa reflexão: a saúde pública no Brasil tem que ser a pior do mundo. Está tudo claro! Vejam bem, eu, político eleito para o legislativo, na frente da população descerebrada (pois tem uma educação e investimento cultural precário para não se desenvolverem e serem controlados facilmente), faço muitas cenas de que estou lutando pelo bem da maioria (que se diga de passagem para relembrar, são os pobres e miseráveis que elegem de fato alguém), lutam mesmo é para defender e favorecer aqueles que ganham com uma saúde pública falida, pois se a saúde fosse (e tem condições para se tornar tal) a melhor (como deveria ser), não teria sentido pagar plano de saúde e utilizar hospital particular! Percebem?!
Nesse panorama, claro que se as coisas vão mal, fica mais fácil roubar. Infelizmente essa é a lógica! Os partidos políticos são, também, grandes responsáveis por um legislativo podre, pois não se divisou até hoje um trabalho de conscientização política aos filiados e mais ainda á população na luta pelo poder executivo e de um legislativo responsável com os compromissos assumidos diante da população.
Para findar estas linhas, sabem o maior problema que temos? O povo largar de mão sua consciência política, cidadã, ética, não somente durante os tempos de eleição, mas sempre acompanhando, cobrando e, sobretudo, não compactuando com os desmandos de tal corja.

O mundo não acabou, mas ele acaba com muita gente!


Andando pelas cidades do nosso país, observa-se que muitas pessoas ainda vivem numa situação deprimente e sub-humana: são os excluídos da sociedade.
Há alguns anos vivemos uma polêmica: a da extinção total da humanidade (“de mil passarás, mas de dois mil não passarás”). E alguns até procuraram correr atrás do tempo perdido, fazendo obras de caridade, de acordo com suas crenças e religiões. Para, no fundo, garantir a “salvação” própria. Cada um querendo se reconciliar com os “deuses” de suas crenças. Viveu-se o medo por parte de muitos. Muita hipocrisia por sinal!
Mas o mundo não acabou! Acabou sim, a solidariedade de muita gente, mesmo esta solidariedade de interesse. Não de todos, mas de muitos.
Nesse sentido pode-se questionar: Como muitos excluídos da sociedade viveram os momentos da febre “o fim do mundo”? Certamente para muitos deles se o mundo acabasse, seria a oportunidade, ou a “graça”, de dar um fim à penúria. Mas nunca perder a esperança de um mundo melhor!
Nada aconteceu de malefício para a humanidade. Mas é certo afirmar: “o mundo não acabou, mas ele acaba com muita gente!” Como vem acabando desde os primórdios. Quem faz parte dos excluídos sabe como é que é. Eles não vivem, sobrevivem na sociedade. A verdadeira caridade, que deve ser sempre perseguida, pelo menos para o cristianismo, é a de lutar para que a “fábrica” de miséria feche suas portas, favorecendo de verdade um mundo mais fraterno.